quinta-feira, 13 de dezembro de 2007

Porque gosto da imagem! E gosto de astrologia! Porque sim...

sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Mongólia, Bernardo Carvalho


"Estamos em terra de xamãs. Quem viaja por toda a Mongolia vai encontrando pelo caminho amontoados de pedras, como pequenas pirâmides com faixas e estandartes azuis fincados no topo. São os ovoos, que marcam os locais onde há maior proximidade entre o céu e a terra e maior facilidade de comunicação com os espíritos. Designados pelos xamãs, em geral ficam em pontos altos da paisagem, mas nem sempre. E é de bom agouro para o viajante jogar uma pedra e dar três voltas em torno do ovoo, em sentido horário, sempre que se depara com um. Na Mongolia, a terra reflecte o céu. A sombra das nuvens corre pelo deserto e pelas estepes. O céu está sempre tão perto. A paisagem não se entrega. O que você vê não se fotografa."

Mariane Pearl, Um Coração Poderoso


"O meu pai costumava ler a obra épica de ficção científica de Frank Herbert, "Dune", repetidamente como se fosse uma bíblia. Herbert escreveu: "Não posso ter medo. O medo mata a mente. O medo é a morte que provoca uma total obliteração. Vou enfrentar o meu medo, vou deixá-lo passar por cima de mim e por dentro de mim. Quando desaparecer ligarei a visão da mente para ver o seu caminho. Onde em tempos estava o medo, não haverá nada. Só eu permanecerei.""


"Sento-me à frente do computador e procuro as palavras do escritor francês Victor Hugo, um dos meus escritores favoritos. "Quanto ao modo de rezar, as palavras não importam desde que sejam sinceras. Virem o vosso livro de orações de pernas para o ar e cheguem ao infinito.""


"Mas aquilo que ele me queria perguntar era "Como é possível que não se sinta amargurada?" Disse-lhe que se deixasse a amargura invadir-me perderia a minha alma e, se isso acontecesse, também perderia o Danny.Esta é a minha maior batalha. - disse eu ao Presidente dos Estados Unidos."


"Juro que não desonrarei a minha alma com ódio,

mas sim oferecer-me com humildade

como guardiã da natureza,

como salvadora da miséria,

como mensageira de maravilhas,

como arquitecta da paz."



Gostei muito de ler esta história. Não devo ter dado atenção ao rapto e assassinato do Daniel Pearl quando ele aconteceu. Na minha ronda pelos jornais percebi que o livro tinha acabado de ser lançado em Portugal, antecedendo o filme. Numa altura em que a minha vida precisa de uma dose extra de coragem e optimismo, senti um impulso enorme de ler esta história, narrada pela mulher que perde o seu marido, raptado e barbaramente assassinado, em nome de uma guerra (leia-se terrorismo, em nome da religião) que ninguém entende. E estava grávida quando tudo isso aconteceu.É uma história lindíssima de coragem e fé imensas.

Vou muito querer partilhar esta história com o meu filho e com os meus amigos.

Pena é que e tal como receava quando comprei o livro, a tradução e legendagem "assassinaram barbaramente" este livro. Já reclamei e, como já vem sendo um hábito, os senhores da editora pediram desculpa, mas cada vez mais, o cuidado das editoras portuguesas é menor. Aliás como tudo neste país...

Orhan Pamuk, Os Jardins da Memória


“Foi então que começou a reflectir sobre as relações entre a expressão dos rostos e os segredos das letras.”

“Para Fazlallah, o fonema, a voz, era a linha de demarcação entre o ser e o não ser. Porque, quando se passa do mundo invisível ao mundo material, só o som que toda a coisa produz é material. Para o comprovar, basta bater umas nas outras as coisas “mais mudas”. A forma mais evoluída do som é naturalmente a fala, o fenómeno mais elevado a que chamamos “verbo”, o mistério a que chamamos “palavra” e que é feito de letras. E era possível ler distintamente no rosto humano as letras, sentido e essência do ser, representação de Deus na terra. Há nos nossos rostos duas sobrancelhas, quatro pestanas, mais a raíz dos cabelos, ou seja um total de sete linhas. Quando, a estas linhas, vêm acrescentar-se os sete traços do nariz, que se desenvolve mais tarde, com a puberdade, o número de letras eleva-se a catorze.”


A minha estreia neste Nobel da Literatura, Turco. Talvez o defeito seja meu, ou a altura não tenha sido a melhor, sim porque isto há alturas melhores e outras nem por isso para ler e apreciar determinados livros, mas como ía dizendo foi um livro difícil e de leitura muito lenta. E cá tenho as minhas dúvidas, mas outros títulos deste mesmo autor devem ser igualmente densos. A ver vamos... Lá mais para a frente e se for oportuno voltarei a este autor.

Ficaram duas impressões: A confirmação de que a cidade de Istambul é uma pérola da civilização humana e o segredo das letras, mote e empurrão para este humilde blog.